quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Catarata seletiva

Então, hoje acordei com a vista embaçada, abri o blog e fiquei pensando que poesia colocar. Claro que tinha que ser esta.
Beijo a todos a à musa filha da puta que me inspirou a fazer esta poesia.
FUI!!!!!!!



CATARATA SELETIVA

Estranho, não consigo lembrar do teu rosto.
Sempre me vem confuso, opaco.
Talvez tua beleza facial era o que menos importava
E realmente o que mais me vale de ti é seu ser, é tua alma?
Não sei!
Estranho, lembro do rosto de tua mãe, de seu irmão.
Destes que uma ou duas vezes vi
Mas o teu eu não vejo claramente
Será uma defesa interna, um não querer sofrer?
Estranho, sei que é loira, delicadamente magra
E seu rosto não me vem claro, nítido.
Será que o que sinto não é amor
E essa agonia é da certeza de não ter te visto de verdade?
Essa agonia seja uma grande curiosidade?
Não sei, só sei que dói, ah! Dói demais.
Estranho esse desejo de lhe ver novamente
Misturado com o medo de ver e não ter
Talvez precise vê-la de novo, só pra lembrar teu rosto,
E tirar esse opaco que me vem, talvez reflexo dos meus dias.
Estranho é que me dizem que gosto de sofrer,
Talvez tenham razão, meia razão!
Eu gosto mesmo é de sentir, seja alegria ou tristeza,
Sentir realmente meu coração, rir chorar.
Estranho os tempos de coração vazio,
Não que consiga me lembrar deles
Não se lembra do vazio ou do que não existe,
Mas é difícil esquecer um sentimento!
E me dói não lembrar dele.
É como querer uma só alma, e a tua.
E me traio quando faço isso, por que perco a minha.
Estranha essa ferida, mas há de criar casca,
E é claro que as vezes ao coçar a casca sai,
E volta a doer, sangra demais, mas a casca vai
Ficando cada vez mais fina, até que não dói mais.
Estranho, depois disso fica só a mancha
Uma vaga lembrança, mas não dói mais
E o meu medo é disso, aquela mancha vazia.
Boas ou más lembranças eu vejo ali só uma mancha vazia.

Gerinho da Terra – 11/03/02.
Salto Grande

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